sábado, 7 de abril de 2012

Rabaçal / Risco / 25 Fontes


Comece pela zona do Rabaçal, no rebordo poente do único grande planalto existente na Madeira: o Paul da Serra. Prepare o farnel, arranje calçado adequado, ponha na mochila uma camisola e um impermeável. Não se esqueça que vai visitar lugares localizados a cerca de 1000 metros de altitude, onde chove bem mais que no Funchal e onde a temperatura, em média, é de 6ºC mais baixa que no litoral Sul. Reúna uns amigos e parta bem cedo. Quando chegar ao topo aplanado do Paul da Serra, antes de descer para a casa de abrigo do Rabaçal, pare e suba até o posto de vigilância contra incêndios instalado no picaroto sobranceiro à câmara de carga da central hidroeléctrica da Calheta. Se não houver nevoeiro terá oportunidade de espraiar a vista pelo escalvado planalto, donde irradiam águas para os mares do norte e do sul. As lombadas da Calheta, do lado meridional, e o vale encaixado da Ribeira da Janela inflectindo para norte, são bocados de paisagem de extraordinária beleza.



Rabaçal / Risco - 1 km - 30 minutos
 A visita ao Risco inicia-se na Casa de Abrigo do Rabaçal, distante cerca de 1 Km. O caminho é plano e passados apenas 15 minutos estará perante uma paisagem imponente. A água que cai da Lagoa do Vento, escondida cem metros mais acima, apenas se acalma no Poço do Risco. Do pequeno miradouro é possível contemplar este grandioso monumento natural, construído pela persistente acção das águas sobre as rochas vulcânicas durante centenas de milhares de anos. Musgos, fetos, gramíneas e arbustos amigos de ambientes húmidos, decoram e enchem de vida as enormes paredes rochosas.


Risco / 25 Fontes - 2 horas
Se já saboreou o suficiente a paisagem do Risco, parta para as 25 Fontes. Ao regressar à casa do Rabaçal e antes de chegar a esta, encontrará uma vereda à direita com a indicação "25 Fontes". Desça por esse caminho estreito até encontrar uma levada. Agora caminhe em direcção contrária à água que corre nesse canal. O percurso não é difícil, embora nalguns troços a esplanada da levada seja bastante estreita e não tenha protecções, pelo que não se aconselha este passeio a pessoas com vertigens.
Pouco mais de uma hora depois de ter iniciado o percurso ao longo da levada, encontrará uma pequena lagoa envolvida por densa vegetação, para onde vertem as águas duma série de nascentes localizadas nas rochas sobranceiras. Chegou às 25 Fontes!
É natural que se demore por aqui a ouvir o murmurar das águas e o cantar dos pássaros que voam por entre as ramagens dos loureiros e das urzes. É possível que perca a noção do tempo se é amante e estudioso de fetos, tal a variedade existente neste recanto.
Mas não deixe aproximar-se o fim do dia para iniciar o regresso à casa do Rabaçal, porque o estado do tempo a esta altitude varia com grande rapidez. O céu pode estar completamente azul, mas em poucos minutos o nevoeiro desce velozmente as encostas, invade os vales e a visibilidade desaparece, causando problemas sérios a quem não conhece bem o interior da ilha.
É óbvio que ao passear ao longo da levada se interrogue quanto ao destino desta água. A resposta aqui fica: a água transportada pela levada das 25 Fontes vai alimentar a Central Hidroeléctrica da Calheta.
Características: Poucas subidas e descidas; a vereda para a Lagoa do Vento tem um piso difícil mas não é perigosa; a esplanada da levada para as 25 Fontes é estreita e em alguns troços não está protegida.

O Porquê das Levadas


Os primeiros povoadores da Madeira começaram a cultivar as encostas mais baixas do sul da ilha, cortando poios (socalcos) ao mesmo tempo que construíam as primeiras pequenas levadas, que transportavam agua das nascentes mais acima nas encostas dos montes ate as suas terras. A primeira legislação a regulamentar a utilização das levadas e os direitos de agua data da segunda metade do século XV.
Nos princípios do século XX, havia cerca de 200 destas levadas, serpenteando por mais de 1000km. Muitas pertenciam a particulares e a apropriação indisciplinada de agua fazia com que o bem mais valioso da ilha fosse frequentemente distribuído de forma injusta. De facto, em meados da década de 1930, apenas dois terços da terra arável da ilha estavam a ser cultivados - e apenas metade desses eram irrigados.

So o Estado possuía os meios económicos necessários para implementar um programa de construção em larga escala e a autoridade para impor um sistema mais equitativo de distribuição.

Tais cursos de agua não são exclusivos da Madeira, o que e único e a sua acessibilidade e extensão. O sistema de irrigação da ilha e actualmente composto por uns impressionantes 2150 km de canais, incluindo 40km de túneis.

Caminhadas na Ilha da Madeira


A melhor maneira de apreciar o esplendor e alcancar o interior da Ilha da Madeira e as suas paisagens selvagens, é percorrer as Levadas.

 Percorrendo cerca de 2.150 quilometros, as Levadas da Madeira sao cursos de agua a volta das montanhas, construídos pelo Homem, na sua maioria a  mao nos primordios do povoamento, para levar agua aos terrenos agricolas inacessiveis, que alcancam vilas remotas atraves de tuneis e penhascos.




Algumas Levadas e Veredas da Madeira





  • Levada  Vereda Machico/ Porto da Cruz
    Atravessamos a pe todo o verdejante vale de Machico, passando por campos cultivados e de pastagens ate a costa norte onde subimos ate ao Risco. Depois seguimos pela vereda que nos levara ao Porto da Cruz, uma freguesia a beira mar na costa norte que e muito procurada tanto por residentes como por visitantes.. Este e sem duvida o mais bonito caminho costeiro da Ilha, 450m acima do mar, com uma excelente vista sobre esta costa de falesias e de penhascos. (Este percurso demora  cerca de 4 horas).

  • Levada Nova-Ponta do Sol.
    Considerada como uma das levadas mais belas e encantadoras da costa sudoeste.Esta e uma caminhada magnifica atraves do verde da laurissilva, a floresta que outrora cobria o sul da Europa. O seu nome e uma designacao latina: laurus (lauraceas: til, loureiro, vinhatico e barbusano) e silva (floresta, bosque). É uma caminhada com um especial encanto para pessoas que apreciam a natureza. ( Percurso a pe com cerca de 4h,)

  • Levada do Rabacal
    No planalto do Paul da Serra, seguimos por uma bonita levada atraves da vegetacao primitiva, onde abundam os loureiros, as urzes arboreas, os folhados e outras inumeras plantas indigenas. Passamos pela esplendida cascata do Risco e continuamos mais a frente por uma outra levada que nos conduzira as 25 Fontes, um curioso conjunto de quedas de agua que brotam em linha. ( Percurso de cerca de 4h).

  • Vereda  do Pico do Arieiro / Pico Ruivo / Achada do Teixeira
    Partida do Arieiro (1810m). atraves de um sinuoso e espectacular caminho de montanha que percorre a crista que nos conduzira ao Pico Ruivo (1862m), o cume mais elevado da Ilha. Ai faz-se  uma pausa para descanso e podermos  apreciar demoradamente a vista sobre quase toda a Ilha. A vegetacao aqui e rasteira e composta por uma grande variedade de flores endemicas. Magnificos panoramas sobre os cumes vulcanicos em redor. Depois descemos por uma antiga vereda ate Achada do Teixeira (1600m),  (Percurso para cerca de 5h),
  • Levada do Caldeirao Verde
    Este percurso, que comeca no Parque Florestal das Queimadas (Santana) e termina no Caldeirao Verde, tem uma extensao de 6 km e uma altitude de 990 metros. A Casa de Abrigo das Queimadas pode honrar-se de manter as caracteristicas originais das Casas Tipicas de Santana e, a partir daqui, se nao parar para admirar as estupendas paisagens sobre Santana e Sao Jorge, Este trilho e extremamente rico na sua paisagem adornada por quedas de agua, fauna e flora vai encontrar o primeiro tunel que e curto e contrasta com o segundo tunel de uns consideraveis 200 metros. Pouco depois, avista o terceiro tunel nao tao extenso como o anterior. Tenha cuidado, pois este tunel e baixo e o piso esta normalmente molhado. O quarto tunel, bem mais pequeno na sua extensao, esta situado a 1 km do Caldeirao Verde. Note que o Caldeirao Verde fica a esquerda da levada, bastando, para la chegar, subir alguns metros pelo leito do ribeiro por onde escorrem as aguas que sobram do lago natural. Depois de tirar partido da beleza do Caldeirao Verde e se nao tiver vertigens, continue o caminho pela levada (sem varandim) que o leva ate ao Caldeirao do Inferno.
    (Percurso para  cerca de uma hora e meia ).
  • Levada da Azenha - Caminho Velho do Castelo
    Um pouco acima da Estrada do Aeroporto  que liga Santa Cruz ao Santo da Serra e abaixo do restaurante Azenha, no sentido Santa Cruz , Funchal, fica a entrada para a Levada da Azenha. Uma placa em madeira sinaliza Levada da Azenha , Caminho Velho do Castelo , 1,3 km.
    Ja na levada, o percurso e feito no sentido oposto a corrente da agua e a medida que o passeio e percorrido, e possivel observar os  poios cultivados com alfaces, feijao verde, macarocas, tomates, pimpinelas, entre outros. O centro do Canico comeca a avistar-se e o caminho estreita, apoiado por uma vedacao.
    Passado algum tempo, ja se avista o antigo moinho da Azenha, que infelizmente se encontra em muito mau estado de conservacao, dele restando apenas as paredes laterais e tres mos em pedra. Chegou a hora de comecar a subir. Alguns pinheiros, eucaliptos e plantas rasteiras pintam de verde a encosta. Depois de alguns metros, a subida estreita e e novamente protegida por uma vedacao. Aqui podemos ver tabaibeiras e figueiras.
    Apos a subida, e altura de descer a escadaria em pedra protegida por uma vedacao de Madeira. Esta descida leva-nos em direccao a uma pequena clareira que deixa observar uma bonita paisagem. E aqui que se encontra outra placa Caminho Velho do Castelo 0,3 Km  e outra indica o caminho percorrido ate aqui  Levada da Azenha , 1 Km.
    Deixamos para tras a levada. Descemos e atravessamos a ponte em madeira e subimos novamente ate chegarmos a uma zona mais plana onde abundam plantacoes de feijao, abobreiras e ameixieiras. Ouve-se o chilrear de alguns melros pretos e andorinhas, grilos e borboletas. A saida faz-se por um poio coberto de abobreiras junto a uma casa.
    (Duracao da caminhada, cerca de 1 hora)

  • Levada do Rei
    Este percurso liga a Estacao de Tratamento de Aguas das Quebradas, em Sao Jorge  a madre da levada no Ribeiro Bonito.
    E entre uma vegetacao mista, pontuada por alguns exemplares da vegetacao indigena, que se pode avistar, logo a partida, as paisagens agricolas panoramicas de Sao Jorge e de Santana . Quando o percurso vai a meio, a levada que se estende ao longo da encosta mistura-se com uma imponente vegetacao natural rica na sua biodiversidade.
    Ja no Ribeiro Bonito, a sensacao e a de estar num verdadeiro santuario natural. O Ribeiro Bonito e uma das areas onde habita a vegetacao Laurissilva  , Patrimonio Mundial Natural da Unesco desde 1999 , um verdadeiro cenario virgem!
    Se fizer este passeio, nao se esqueca de visitar o conhecido Moinho de Agua de Sao Jorge que ja conta com cerca de 300 anos de historia, e que, alimentado pelas aguas da Levada do Rei, moi o trigo, o milho, a cevada e o centeio plantados em Sao Jorge.


  • Levada do Norte ,  Do Cabo Girao a Boa Morte
    Para fazer este percurso, va ate ao cruzamento da estrada regional com a levada do norte, entre o Garachico e o Cabo Girao. Ao seguir a levada nas proximidades do Ribeiro da Caldeira, surge um tunel com cerca de 300 metros de comprimento. 500 metros apos a passagem do tunel, a levada volta a cruzar-se com a estrada regional, desta vez, ja na freguesia da Quinta Grande. Aproveite e deleite-se com o panorama sobre o amplo espaco que se desdobra desde Camara de Lobos ate ao Funchal. O verde impera nesta paisagem sustentada pela Levada do Norte.
    O percurso da estrada regional na Quinta Grande ate a Boa Morte mede cerca de 8,5 Km . Pode apreciar as diversas plantas que ornamentam esta levada e, em algumas curvas, vai ver: tera a sensacao que esta perante um verdadeiro miradouro! Ao seu dispor tem as vistas sobre as terras de cultivo do Campanario e da costa ate a Ponta do Sol.
    Para quem se deixar viciar por este passeio, pode sempre optar por continuar a aventura e descer ate a vila da Ribeira Brava, pelo caminho velho que se encontra abaixo da praca que serve de paragem ao autocarro da Boa Morte.
    Esta descida esta decorada pela variedade de plantas que povoam os quintais vizinhos, mas para conseguir alcancar o final tera de palmilhar cerca de uma hora. A descida e relativamente exigente, pelo que nao se aconselha a pessoas sem grande preparacao.
    (Duracao do percurso cerca de  3 a 4 horas)
  • Levada da Central da Serra de Agua a Eira do Mourao
    Percorrer cerca de um quilometro de estrada e a distancia  entre  a Pousada dos Vinhaticos da Central Hidroelectrica da Serra de Agua. A partir daqui e ate a Eira do Mourao, pela Levada do Norte, ha uma certeza: emocoes fortes! Sao cerca de dez tuneis que, todos juntos, somam uma extensao de 3325 metros. Alguns quilometros a beira de precipicios sem proteccao sao, igualmente, presenca certa neste percurso. Portanto, este trajecto tem todos os atributos de uma boa aventura, mas cuidado, um descuido  pode ser desastroso.
    O Ponto de partida e a Pousada dos Vinhaticos. A levada nasce na Central Hidroelectrica da Serra de Agua e ate ao primeiro tunel, situado a pouco menos de um quilometro da Central, o percurso nao oferece inconvenientes. O segundo tunel tem o dobro do comprimento do primeiro e aqui ja e aconselhavel o uso de uma lanterna. Varios fetos, Castanheiros, Nogueiras e Seixeiros estao a espera de quem acaba de sair deste tunel. Meio quilometro depois, cuidado com o fio de agua que cai sobre a levada. Uns metros mais a frente, a Ribeira do Poco aparece a levada que passa por cima de uma ponte. Depois desta ponte, prepare-se para 1100 metros de tunel baixo e alagado. E aconselhavel o uso de uma proteccao para a cabeca. Ultrapassado este tunel, outro sera encontrado ate chegar ao vale da Ribeira do Pico onde se abre um outro tunel de 3000 metros que so termina perto da Terra Cha, no Curral das Freiras, no entanto, este tunel nao se encontra aberto aos caminhantes, e assim o percurso deve continuar pela Levada do Norte. Existem trocos onde a berma da levada ganha mais espaco e e possivel espreitar a paisagem e, com sorte, observar o voo de um Pombo Trocaz ou de um Columbideo. Eis que surge o quinto tunel, amplamente alagado e repleto de lama nos seus 200 metros de comprimento. As vistas da Serra de Agua indemnizam o esforco feito por quem acabou de atravessar o quinto tunel. Ate ao oitavo tunel nao existem dificuldades de maior, mas, a saida deste ultimo, prepare-se para uma queda de agua sobre a levada e para um piso escorregadio e sem proteccao para o abismo mesmo ao lado. Surge o nono tunel que e extenso e alagado, este e o tunel do Espigao e daqui ate a Eira do Mourao existe apenas mais um pequeno e facil tunel e a vereda paralela a levada que continua sem proteccao.A Eira do Mourao ganhou vida quando, em 1952, a agua da Levada do Norte comecou a correr na sua direccao. Chegados a este modesto nucleo populacional, existem duas opcoes: seguir na Levada do Norte ate a Boa Morte num percurso que soma ao anterior cerca de tres quilometros e meio ou descer para a Faja da Ribeira, na margem esquerda da Ribeira Brava, tendo que, para  isso, percorrer mais cerca de dois quilometros a descer.